Viscosidade influencia as características da bomba
Apesar de estarmos habituados a pensar que apenas a densidade de um fluido influencia (sempre que o valor se desvia de 1 kg/dm3, a densidade da água) a potência absorvida ao veio do motor, também a viscosidade influencia – ainda mais que a densidade - as características hidráulicas da bomba seleccionada.
A viscosidade cinemática (expressa em mm2/s ou Centistokes [cst]) influência não só a potência absorvida ao veio da bomba, como o próprio caudal e altura manométrica gerados pela bomba.
Quando a viscosidade de um determinado fluído está muito acima da viscosidade da água (1 mm2/s), toda a curva hidráulica (Caudal – Altura manométrica) se altera. E as variações (dependendo do valor da viscosidade) podem ser bastante significativas !
Vejamos um exemplo: óleo mineral com uma densidade de 0,897 kg/dm3 e uma viscosidade cinemática de 500 mm2/s; Q = 34 l/s [122,4 m3/h]; H = 18 m.c.l.; N = 1450 rpm; η = 76% (valor lido na curva para água). Daqui resulta que
P= (0,897x122,4x18)/(367x0,76) = 7,01 kW (potência se desprezar-mos a viscosidade)
Com base em ábacos próprios, podemos determinar graficamente de que forma é que o valor da viscosidade deste fluido vai influenciar a leitura dos valores de caudal, altura manométrica e rendimento, para a curva da bomba (normalmente traçada para água), como no exemplo da figura.
Seguindo os passos no ábaco obtemos: fQ = 0,78, fH = 0,83, fη = 0,49, de que resulta,
Q1= fQ x Q = 26,5 l/s [95,4 m3/h], H1 = fH x H =15,0 m.c.l. e η1 = fη x η = 37,3%
e a potência realmente absorvida é de : (0,897x95,4x15)/(367x0,373)= 9,4 kW !
Assim, é fundamental que se considere a viscosidade sempre que se pretenda seleccionar uma bomba para fluidos em que o valor seja superior a 20 mm2/s (valor limite de influência) para que não existam “surpresas desagradáveis” à posteriori, pois, para além de ficarmos aquém dos valores de caudal e altura manométrica pretendidos, a potência do motor pode não ser suficiente !
Paulo Costa / Resp. Depto. Indústria